Os hábitos alimentares inadequados é um dos fatores de risco que contribui para o total de anos de vida saudáveis perdido pela população portuguesa. Hábitos esses que incluem a ingestão excessiva de açúcares simples.
Assim sendo, quando nos refiramos às consequências do elevado consumo de açúcar no organismo, estamos a falar de “açúcar simples” e sabe-se que um consumo superior a 10% do total da ingestão energética diária está associado a uma série de consequências para a saúde durante as diferentes fases da vida.
Já todos repararam nas diferentes alegações nutricionais nos alimentos desde “baixo teor de açúcares”, “sem adição de açúcares” e “sem açúcares” e cada uma tem critérios bem definidos. Isto é, o “sem adição de açúcares” não é o mesmo que o “sem açúcares”, já que poderá ter açúcares naturalmente presentes no alimento.
Falando especificamente, segundo o regulamento em causa, o uso de “baixo teor de açúcar” ou “light” acontece quando o produto não contiver mais de 5g de açúcares por 100g para os sólidos ou 2.5g de açúcares por 100mL para os líquidos. “Sem açúcares” quando o produto não contiver mais de 0.5g de açúcares por 100mL ou 100g; e “sem adição de açúcares”, quando o produto não contiver quaisquer monossacarídeos ou dissacarídeos adicionados, nem qualquer outro alimento pelas suas propriedades edulcorantes. Caso os açúcares estejam naturalmente presentes no alimento, o rótulo deve também ostentar a seguinte indicação: “contem açúcares naturalmente presentes”.
Dado ter havido uma procura por produtos com baixo valor energético, principalmente com baixo teor em açúcares ou sem açúcares, existe uma maior oferta de produtos com edulcorantes. Contudo, o consumo excessivo de alguns edulcorantes nomeadamente acessulfame K, sacarina, aspartame e ciclamato parece contribuir para o desenvolvimento de alguns tipos de cancro. Pelo princípio da precaução, são já muitas marcas que optam por reduzir ou até eliminar a sua utilização, utilizando outros edulcorantes como a stevia ou a sulcarose.
Estudos demonstram que o consumo de edulcorantes artificiais poderá produzir outros efeitos pois além do aparecimento de cancro, interfere com o metabolismo, visto que com o consumo de edulcorantes não há calorias ingeridas, mas continua haver produção de insulina que fica em vão na circulação. Quando este fenómeno acontece com frequência ganhamos resistência à insulina, ou seja, as células deixam de responder à ação desta hormona e aumenta o risco de problemas de diabetes.
Em suma, um produto deve ser avaliado de forma completa através da leitura da lista de ingredientes e da análise de informação nutricional, só assim é que se consegue fazer uma escolha consciente.
Nutricionista Rute Oliveira
CP 4764N