Do senso comum é frequente a associação entre um “metabolismo lento” e a dificuldade na perda de peso, que com o avançar da idade, e se mulher, tanto pior, segundo ditos populares.
Mas será que é mesmo assim?
Primeiro de tudo importa referir que a variabilidade pessoal (carga genética) é uma premissa a considerar, existem algumas pessoas (poucas, 1-3%), que se afastam da média populacional, com uma variação de 150-300kcal do metabolismo.
Mas como potencial genético não é possível alterar, o olhar deve ser para as outras premissas mutáveis que influenciam verdadeiramente o metabolismo: hábitos alimentares e treino.
Sabe-se que o músculo gasta três vezes mais energia que a massa gorda, para ter uma ideia 1kg de massa gorda gasta cerca de 4.5kcal por hora de energia, enquanto que 1kg de massa muscular queima 13kcal, mais do dobro. Neste sentido, a prática desportiva diária desde cedo, é o melhor que pode fazer para preservar e aumentar a sua massa muscular, e com isso potenciar o seu metabolismo basal.
A associação da “diminuição do metabolismo basal” com a velhice prende-se sobretudo com o decréscimo da massa muscular característica desta faixa etária, o que pode ser facilmente compensado com a prática desportiva.
As mulheres tendem efetivamente a ter um metabolismo inferior comparativamente a um homem, e não quando comparadas dentro do mesmo sexo, o que é perfeitamente natural pela menor quantidade de massa muscular e órgãos de tamanho inferior relativamente ao sexo oposto.
No que toca aos hábitos alimentares, a alimentação deve ir de encontro ao treino.
Uma ingestão proteica equilibrada e presente em todas as refeições demonstra potenciais ganhos no metabolismo basal, pelo efeito térmico associado a este macronutriente, atingindo o seu máximo quando associada a ingestão adequada de hidratos de carbono.
Para além disso, a ingestão concomitante de alimentos termogénicos poderá potenciar o seu metabolismo (com efeitos modestos), como o chá verde, café, pimenta, curcuma, gengibre (…). Como qualquer ajuda na perda de peso é bem-vinda não custa nada incluir também estes alimentos na sua alimentação.
Posto isto, se não está a conseguir emagrecer, certamente que a culpa não é do seu metabolismo, mas sim da relação entre as calorias que ingere e as calorias que gasta.
Lembre-se que o princípio para a perda de peso será sempre o défice calórico, por isso o seu balanço energético terá de ser negativo no final do dia.
Em suma, antes culpabilizar o seu metabolismo basal por não emagrecer, lembre-se de mudar primeiro o seu estilo de vida: pratique exercício físico e melhore os seus hábitos alimentares. Uma vez que o aumento da massa magra e uma ingestão alimentar adequada são os únicos fatores que podem aumentar a sua taxa metabólica basal, e estas sim são as duas premissas com que se deve efetivamente se preocupar.
Patrícia F.Moreira Nutricionista Cédula Profissional 4112